Visitar a Costa da Morte: roteiro de 3 dias por uma Galiza autêntica

Marina de Finisterra com barcos de pesca atracados junto ao porto

Visitar a Costa da Morte, na Galiza, é daquelas experiências que nos surpreendem pela autenticidade. É a sugestão ideal para quem procura um roteiro pela Costa da Morte repleto de natureza, cultura e mar. Por entre vilas piscatórias, paisagens deslumbrantes e uma gastronomia singular, é fácil perceber porque é que tantos viajantes se apaixonam por esta região.

Recentemente, tive a oportunidade de visitar a Costa da Morte no âmbito do projeto Temporada de Mar, impulsionado pela APTCM. Esta iniciativa procura valorizar o trabalho das comunidades galegas, destacando a importância da pesca artesanal e gastronomia local. Esta experiência permitiu-me conhecer a região e reunir várias dicas e sugestões para quem pretende visitar a Costa da Morte, e que agora partilho contigo neste artigo.

Porquê visitar a Costa da Morte?

Vista aérea da Praia de Carnota, a mais longa da Galiza.
Vista panorâmica da vila de Finisterra, na Costa da Morte, com as casas coloridas junto ao mar.

Visitar a Costa da Morte é conhecer um dos tesouros mais bem guardados da Galiza. Esta parte da costa galega combina paisagens atlânticas imponentes, tradições vivas e uma ligação muito forte ao oceano.

Ao contrário de outras regiões costeiras, a Costa da Morte não é um destino de turismo de massas e, por isso, preserva ainda uma identidade autêntica, profundamente ligada ao mar. A designação “Costa da Morte” remonta ao final do século XIX, quando a força do Atlântico provocou o naufrágio de várias embarcações inglesas ao largo da costa. O nome, que outrora evocava tragédia, tornou-se hoje sinónimo de identidade e caráter galego.

Aqui vais encontrar pequenas vilas piscatórias, paisagens atlânticas de cortar a respiração, tradições que resistiram ao tempo e uma gastronomia onde o peixe e o marisco são os grandes protagonistas. É o destino ideal para quem procura natureza, boa comida, autenticidade e uma viagem tranquila, longe das multidões.

Qual é a melhor altura para visitar a Costa da Morte?

Vista panorâmica da vila de Corcubión, na Costa da Morte, com o mar e as casas coloridas à beira da baía.
Vista da Praia de Mar de Fóra, em Finisterra, com o Atlântico aberto e a paisagem selvagem típica da Costa da Morte.

Dizem os galegos que a melhor altura para provar peixe e marisco na Costa da Morte é durante os meses que têm a letra “r”. Por isso, a época ideal para visitar a Costa da Morte vai de setembro a abril, quando o turismo balnear já não é tão intenso e a qualidade do peixe está no seu melhor.

Nós fomos em setembro e tivemos uma experiência espetacular. Diria que tanto os meses de outono como os de primavera, quando as temperaturas são mais amenas, são excelentes opções para conhecer esta região.

Quantos dias são necessários para visitar a Costa da Morte?

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Imagem de drone sobre a Praia de Carnota, mostrando o extenso areal branco e as águas cristalinas da Costa da Morte.

Há muito para descobrir na Costa da Morte, e tanto é possível fazer uma viagem curta de 2 dias como um roteiro mais completo de 5 ou 7. Ainda assim, diria que o ideal é uma escapadinha de 3 dias pela Costa da Morte, tempo suficiente para conhecer os principais pontos, apreciar as paisagens e também relaxar.

O que ver e fazer na Costa da Morte

Nesta secção encontras o que ver e fazer na Costa da Morte, de Finisterra a Carnota, com sugestões para um roteiro de 3 dias.

Visitar a lota de Finisterra e assistir a um leilão de peixe

Momento do leilão de peixe na lota de Finisterra, uma tradição que mantém viva a ligação da vila ao mar.
Leilão de peixe na lota de Finisterra, uma tradição que reúne pescadores e compradores locais.

Junto ao porto de Finisterra ergue-se um edifício moderno e imponente: a lonxa de Finisterra, que é nada mais nada menos do que a lota. É aqui que, todos os dias, os pescadores entregam o peixe e o marisco capturados, que depois vão ser vendidos a restaurantes, supermercados, peixarias e também aos habitantes locais.

Nesta lota ainda se preserva uma tradição muito antiga da Galiza — o leilão, ou subasta, em galego. Em vez de cada pescador vender o seu peixe a um preço fixo, estes organizam-se num leilão inverso: cada lote de peixe ou marisco é posto à venda com um preço máximo, que vai descendo até alguém aceitar pagar. Este sistema é mais rápido do que um leilão tradicional e garante que todos os lotes são vendidos em tempo útil, preservando assim a frescura e a qualidade do produto.

Nesta mesma lota situa-se também a Confraria de Pescadores de Finisterra, onde frequentemente são organizadas exposições ligadas à temática do mar e da pesca.

Se estás a visitar a Costa da Morte e procuras experiências autênticas, assistir a este leilão é uma das atividades mais interessantes que podes fazer. Realiza-se de segunda a sexta-feira, às 16h00, e a entrada custa apenas 2,00€ por pessoa. É uma oportunidade única para compreender o impacto que a pesca e o marisco têm na comunidade.

Fazer um passeio de barco pelas ilhas Lobeiras

Passeio de barco pelas ilhas Lobeiras, partindo de Finisterra, com vista para o Atlântico sereno.
Vista das ilhas Lobeiras, pequenas ilhotas rochosas ao largo de Finisterra, rodeadas pelo azul intenso do Atlântico.

Outra atividade imperdível para quem vai visitar a Costa da Morte é fazer um passeio de barco até às encantadoras ilhas Lobeiras, ao largo de Finisterra. O cabo de Finisterra forma pequenas enseadas onde o mar é calmo e sereno — o cenário ideal para apreciar a paisagem costeira e sentir a imensidão do Atlântico.

Nós fizemos o trajeto com a empresa Fish Terra - o passeio privado durou cerca de 1 hora e custou 100,00€. Durante o percurso, fomos até ao Cabo Finisterra, explorámos a zona da praia da Langosteira e ainda conseguimos ver algumas praias desertas, acessíveis apenas por mar. Também é possível fazer saídas de barco dedicadas à pesca, por um custo de 60,00€ por pessoa.

Deixo aqui o contacto do Júlio, da Fish Terra, com quem poderás organizar esta experiência (+34 649 16 45 20). No caso das saídas de pesca, há ainda a opção de levar o peixe que pescaste a determinados restaurantes e pedir que o cozinhem para ti — o Júlio ajuda-te com essa parte.

Outra excelente forma de explorar a Costa da Morte é embarcar num passeio de barco partilhado pelas enseadas e ilhas da costa galega. Há várias saídas ao longo do dia, e o bilhete custa entre 15€ e 20€ (a última partida, ao pôr do sol, é a mais procurada e ligeiramente mais cara). Os bilhetes podem ser adquiridos diretamente no porto de Finisterra, junto à lota.

Visitar o Museu da Pesca e Castelo de San Carlos

Exposição no interior do Museu da Pesca de Finisterra, com objetos ligados à história marítima galega.
O guia Manolo durante uma visita ao Museu da Pesca de Finisterra, partilhando histórias e memórias do mar.

Um dos monumentos que mais se destaca na vila de Finisterra é o Castelo de San Carlos, uma das quatro fortalezas construídas pela Casa dos Bourbon — a família real espanhola — para defender a costa durante o século XVIII. O castelo foi completamente arrasado durante as invasões francesas e, mais tarde, reconstruído. Após passar por várias mãos, acabou por ser adquirido pela Confraria de Pescadores de Finisterra, que inaugurou aqui o Museu de Pesca de Finisterra.

Neste museu é possível compreender a evolução da pesca na região — desde as técnicas rudimentares utilizadas antigamente até aos métodos modernos que transformaram a vida da comunidade local. É um espaço muito completo e interessante e uma paragem obrigatória para quem quer conhecer as tradições marítimas e o património cultural da Costa da Morte.

O grande destaque, porém, é o guia Francisco Manuel López Martínez, conhecido por todos como Manolo. Antigo pescador e poeta local, conhece o mar da Costa da Morte como poucos e é daquelas pessoas que têm o dom da palavra. Na minha opinião, o museu está muito bem conseguido, mas a visita guiada pelo Manolo é a cereja no topo do bolo.

Se estás a visitar a Costa da Morte, não deixes de passar por este local. O Museu de Pesca de Finisterra pode ser visitado de terça a domingo, das 10h00 às 14h00 e das 16h00 às 19h00, e a entrada custa apenas 2,00€ por pessoa.

Conhecer o Farol de Finisterra (Cabo de Finisterra)

Vista panorâmica do Farol de Finisterra no Cabo Finisterra, o ponto mais ocidental da Galiza, banhado pelo Atlântico.
Detalhe do Farol de Finisterra, junto ao antigo edifício do Semáforo, num dos locais mais simbólicos da Costa da Morte.

Uma escapadinha à Costa da Morte não fica completa sem uma visita ao emblemático Farol de Finisterra, situado no Cabo Finisterra, o ponto mais ocidental da Galiza. Durante séculos, este lugar foi conhecido como o “fim da terra” — daí o nome Finisterra.

A península que forma o cabo estende-se por cerca de 3 km mar adentro e apresenta duas faces bem distintas: a norte, banhada pelo Mar de Fóra, o oceano mostra a sua força e bravura, batendo com intensidade nas escarpas; a sul, o mar é muito mais calmo e sereno.

O Cabo Finisterra é um local com uma forte ligação espiritual, sobretudo por causa do Caminho de Santiago, já que um dos percursos mais simbólicos é precisamente o que liga Santiago de Compostela ao Cabo Finisterra. Muitos peregrinos decidem continuar até aqui mesmo depois de chegarem a Santiago, numa jornada introspectiva que simboliza o fim de um ciclo e o início de outro. Diz-se que chegar ao Cabo é uma forma de deixar para trás o que já não serve — expurgar medos, culpas e cansaço — e regressar mais leve, com a mente e o coração renovados. Antigamente, era prática comum queimar as botas ao chegar ao cabo, num ritual simbólico de purificação e renascimento.

Se tiveres tempo, recomendo que estaciones o carro junto à Igreja de Santa María das Areas e faças o percurso até ao farol a pé. São cerca de 3 km e permite-te experimentar um pouco a vida de peregrino. Pelo caminho terás as vistas sobre a ría de Corcubión, que são deslumbrantes, com o Monte Pindo a destacar-se no horizonte e o extenso areal da Praia de Carnota.

Já no cabo, não deixes de visitar o Farol de Finisterra, situado a 143 metros de altitude. A sua luz, emitida a cada 5 segundos, alcança 57 km de distância. Um pouco acima do farol encontra-se o Edifício do Semáforo, uma antiga estação de sinais marítimos que foi reconvertida em hotel e restaurante — uma excelente opção para pernoitar ou almoçar, com uma vista privilegiada sobre o Atlântico.

Subir ao topo do Monte Facho

Vista do topo do Monte Facho, em Finisterra, com o mar e o Farol de Finisterra ao fundo.
Patrícia Carvalho no topo do Monte Facho, com o Farol de Finisterra e o Atlântico ao fundo.

No sopé do Farol de Finisterra ergue-se o Monte Facho, um dos lugares mais enigmáticos da Costa da Morte e uma paragem obrigatória para quem a visita. O nome “Facho” vem das antigas fogueiras e tochas (fachos, em galego) que aqui se acendiam para alertar a população de possíveis invasões vindas do mar.

Com os seus 241 metros de altitude, o monte oferece uma vista deslumbrante sobre o Cabo de Finisterra e sobre o vasto Atlântico. Ao longo da subida chega-se facilmente a um miradouro de onde se avista também o farol.

Um pouco mais à frente encontram-se as ruínas da antiga Capela de San Guillerme, um local envolto em lendas e simbolismo. É aqui que estão as chamadas Pedras Santas, conhecidas também como a Cama de San Guillerme. A tradição conta que os casais estéreis se deitavam sobre estas pedras para pedir descendência e que, com fé, o desejo seria atendido. Ainda hoje o local mantém a sua aura mística, associada à fertilidade, cura e força espiritual.

Explorar as praias da Costa da Morte

Praia da Ribeira

Vista da Praia da Ribeira, em Finisterra, junto ao porto e às casas típicas de pescadores da Costa da Morte.
Patrícia Carvalho na Praia da Ribeira, em Finisterra, com vista para o porto e o mar da Costa da Morte.

Localizada bem no centro de Finisterra, a Praia da Ribeira é uma pequena enseada de águas calmas, situada junto ao porto e à zona da lota. É uma praia urbana, mas com o encanto típico das vilas piscatórias galegas, onde é fácil ver os barcos a chegar e os pescadores na sua labuta diária.

É também nesta zona que se encontram algumas das casas mais antigas da vila, das quais ainda permanecem alguns vestígios — como a casa com uma entrada em arco.

Durante o verão, a Praia da Ribeira é uma das mais frequentadas pelos habitantes locais e pelos viajantes que passam por Finisterra. As águas tranquilas da enseada tornam-na ideal para um mergulho rápido ou simplesmente para relaxar ao final do dia, com vista para o porto.

Praia da Langosteira

Vista da Praia da Langosteira, em Finisterra, com o Atlântico calmo e areais dourados.
Silhueta de uma pessoa a caminhar ao pôr do sol na Praia da Langosteira, em Finisterra.

Com cerca de 2 km de extensão, a Praia da Langosteira é a mais ampla e conhecida praia de Finisterra. A sua forma em meia-lua acompanha a baía que antecede o Cabo Finisterra, formando um verdadeiro paraíso de areia branca e águas calmas. A maioria dos alojamentos da vila situa-se ao longo da costa da Langosteira, o que faz desta uma das praias mais procuradas pelos viajantes que escolhem visitar a Costa da Morte.

Praia de Mar de Fóra

Ondas do Atlântico a bater na areia da Praia de Mar de Fóra, uma das mais selvagens de Finisterra.
Vista aérea da Praia de Mar de Fóra, em Finisterra, com o mar aberto típico da Costa da Morte.

Outra praia que gostámos muito de visitar foi a Praia de Mar de Fóra. Para lá chegar é preciso fazer uma pequena caminhada de cerca de 15 minutos. O percurso é fácil — para teres uma ideia, nós fizemos com o nosso bebé de 8 meses no marsúpio e achámos perfeitamente acessível.

Virada para o oceano aberto, a Praia de Mar de Fóra representa o lado mais selvagem de Finisterra. Longe do centro da vila e das águas tranquilas da costa sul, esta praia é banhada diretamente pelo Atlântico, e por isso o mar é muito mais forte e impetuoso. Ainda assim, foi a minha praia preferida de Finisterra, pela sua beleza natural e singular.

Infelizmente, não tivemos tempo de visitar mais praias, mas se fores até lá e tiveres mais tempo do que nós, recomendo que passes também pela Praia da Arnela e pela Praia do Rostro, ambas conhecidas pelo ambiente quase intocado.

Praia de Carnota

Vista aérea da Praia de Carnota, na Costa da Morte, com o seu extenso areal branco junto ao mar Atlântico.
Areal e dunas da Praia de Carnota, na Galiza

Com mais de 7 km de extensão, a Praia de Carnota é considerada a praia mais longa da Galiza e uma das mais bonitas de toda a Costa da Morte. O seu imenso areal de areia branca forma um cenário natural de tirar o fôlego. Apesar da sua grandiosidade, a praia mantém-se praticamente selvagem e intocada e, por isso, é o local ideal para fazer praia, dar um passeio à beira-mar ou simplesmente contemplar o pôr do sol.

Visitar o icónico hórreo de Carnota

Vista geral do hórreo de Carnota, uma das construções mais emblemáticas da Galiza, rodeado por paisagem rural.
Detalhe do hórreo de Carnota, mostrando a estrutura em pedra e madeira típica das construções galegas tradicionais.

Mesmo ao lado da Praia de Carnota ergue-se o famoso hórreo de Carnota, um dos mais impressionantes da Galiza. Construído no século XVIII, mede cerca de 34 metros de comprimento, o que o torna num dos maiores do país.

Os hórreos são construções tradicionais galegas usadas antigamente para armazenar e secar o milho e outros cereais, protegendo-os da humidade e dos animais. Estruturas como estas também são muito comuns no norte de Portugal, conhecidas como espigueiros. É uma das construções mais emblemáticas da Costa da Morte e um ícone do património rural galego.

Curiosamente, existe uma rivalidade amigável entre os habitantes de Carnota e de Lira, já que ambos reivindicam o título de “maior hórreo da Galiza”. A verdade é que os dois são muito idênticos tanto na dimensão como na beleza. Se tiveres tempo, recomendo que visites também o hórreo de Lira para comprovares por ti próprio.

Descobrir o misterioso Monte Pindo

Vista do Monte Pindo, o “Olimpo Celta da Galiza”, com as suas formações rochosas junto à costa atlântica.
Aldeia do Pindo, na Costa da Morte, com casas tradicionais galegas junto ao mar e ao Monte Pindo.

O imponente Monte Pindo, conhecido como o “Olimpo Celta da Galiza”, ergue-se junto à Praia de Carnota e domina toda a paisagem costeira. De entre os lugares considerados mágicos da Galiza, o Monte Pindo é, sem dúvida, o mais notável.

Com 627 metros de altura, o Monte Pindo está muito próximo da costa e é um local que sempre despertou muita curiosidade e fascínio entre a população, dando origem a inúmeras lendas e tradições. Conta a lenda que as suas pedras foram esculpidas pelos deuses do Olimpo, o que contribui para o seu ar místico e enigmático. Acredita-se que os antigos povos celtas realizavam aqui rituais de culto à natureza e às divindades ligadas à fertilidade, à guerra e ao fogo. Mais tarde, na Idade Média, o monte ganhou fama de ser habitado por mouros e seres mágicos, e até hoje conserva esse ar de mistério.

A subida ao Monte Pindo pode ser feita a pé e demora cerca de cinco horas. O trilho começa na vila do Pindo e o percurso está bem sinalizado, o que torna a caminhada acessível para quem tem alguma experiência. É um trajeto exigente, mas que compensa a cada passo: à medida que se sobe, as rochas vão formando silhuetas curiosas e a vista abre-se sobre a Praia de Carnota e o Atlântico. Infelizmente, não tivemos tempo de fazer o trilho, mas fica prometido para uma próxima visita.

Admirar a beleza da Fervenza do Ézaro

A Fervenza do Ézaro é um lugar impressionantes e uma paragem obrigatória para quem quer visitar a Costa da Morte. O rio Xallas, depois de atravessar a meseta com o mesmo nome, desagua na enseada do Ézaro, formando uma cascata espetacular.

Nem sempre é possível ver a força da água a descer pela encosta, já que parte do caudal é utilizado para a produção de energia elétrica. No entanto, em determinados dias de inverno — quando as comportas se abrem para evacuar o excesso de água — é possível assistir a um espetáculo natural impressionante, com a água a cair em toda a sua intensidade.

A Fervenza do Ézaro é também um fenómeno único na Europa já que este é o único rio europeu que desagua diretamente no mar através de uma cascata. O seu poder erosivo é tão grande que, antes da construção das comportas, o caudal chegou a escavar um poço na rocha com 16 metros de profundidade.

Vale muito a pena subir ao miradouro do Ézaro, de onde se tem uma vista deslumbrante sobre a foz do rio Xallas, a cascata e a costa atlântica.

Onde ficar na Costa da Morte

Não faltam opções de alojamento e hotéis para quem vai visitar a Costa da Morte. Desde Carnota até Finisterra, toda a região está muito bem preparada para receber quem a visita.

Hotel Alén do Mar

Quarto do Hotel Alén do Mar, em Finisterra, com decoração acolhedora e vista para o mar.
Paisagem sobre a praia da Langosteiroa desde o quarto do Hotel Alén do Mar, em Finisterra.

Para a nossa escapadinha, escolhemos o Hotel Alén do Mar, um alojamento situado mesmo junto à Praia da Langosteira, em Finisterra. Do quarto, tínhamos uma vista privilegiada para o mar — perfeita para começar e terminar o dia com o cenário tranquilo do Atlântico. Gostámos muito das condições do quarto, era bastante amplo, confortável e luminoso. O staff foi sempre muito simpático e atencioso, e o pequeno-almoço superou as expectativas: variado, completo e com produtos frescos. Uma excelente opção para quem procura conforto e proximidade à praia durante a estadia em Finisterra.

Hotel Bella Finisterra

Arquitetura do Hotel Literário Bella Finisterra, junto à Praia da Langosteira, rodeado por natureza e vista para o mar.
Interior do Hotel Bella Finisterra, em Finisterra, com design elegante e inspiração literária galega.

Também tivemos a oportunidade de visitar outro alojamento fantástico: o Hotel Bella Finisterra, um hotel literário desenhado ao detalhe. Situado igualmente junto à Praia da Langosteira, este alojamento combina conforto, design e inspiração literária de uma forma única.

Os quartos são amplos e acolhedores e todo o hotel respira poesia. Cada quarto tem o nome de uma obra ou poeta de renome — como Moby Dick, Gulliver ou Marea Viva — e, ao entrar, é possível ouvir poesia a ser declamada na televisão. O jardim do hotel foi cuidadosamente planeado, em harmonia com o ambiente natural das dunas, e há também um sistema ecológico que fornece água potável proveniente de um poço, evitando assim o uso de garrafas de plástico.

Onde comer na Costa da Morte

A gastronomia é um dos grandes valores da região e, por isso, se estás a visitar a Costa da Morte e és fã de peixe e marisco, estás no sítio certo. Os 15 restaurantes na Costa da Morte que fazem parte do projeto Temporada de Mar — e que podes consultar aqui — são locais credenciados que garantem peixe fresco, pescado localmente com recurso a técnicas de pesca sustentável. Durante a nossa visita à Costa da Morte, tivemos oportunidade de experimentar dois desses restaurantes.

Fontevella (Caldebarcos)

Copo de vinho no restaurante Fontevella, em Caldebarcos, com zamburiñas frescas ao fundo.
Parrilhada de peixe servida no restaurante Fontevella, com diferentes espécies locais da Costa da Morte.

Um deles foi o Fontevella, em Caldebarcos, que tem uma vista fenomenal sobre a Praia de Carnota. Aqui provámos umas zamburiñas que, até agora, foram as melhores que comi em toda a minha vida. Para prato principal, optámos por uma parrilhada de peixe, perfeita para experimentar diferentes espécies locais — entre elas cabracho, abadejo, raia, linguado e robalo. O peixe estava delicioso e, portanto, foi uma excelente escolha.

Terra (Estrela Michelin 2024)

Prato de navarras servido no restaurante Terra, distinguido com Estrela Michelin, na Costa da Morte.
Prato de abadecho com favas no restaurante Terra, em Finisterra — uma combinação delicada de sabores atlânticos.

O outro restaurante que experimentámos foi o Terra, galardoado em 2024 com uma Estrela Michelin. A experiência no Terra foi muito mais do que simplesmente provar marisco — foi mergulhar numa viagem gastronómica profunda, repleta de sabores, texturas e criatividade, onde o nosso paladar foi posto à prova.

Sendo um restaurante de alta cozinha, não existe carta, mas sim um menu de degustação com 11 momentos, cuidadosamente pensados para refletir o território e o mar da Costa da Morte.

No meu Instagram tenho um reel onde relato a nossa experiência neste restaurante, caso tenhas curiosidade. O menu de degustação tem um valor de 80,00 € por pessoa, e devo dizer que é um preço bastante justo para um restaurante deste nível. O Terra foi, sem dúvida, uma das experiências gastronómicas mais marcantes da viagem — um lugar que vale mesmo a pena incluir no teu roteiro pela Costa da Morte.

Seja numa escapadinha de fim de semana ou num roteiro mais longo, visitar a Costa da Morte é sempre uma excelente ideia. Esta região oferece o equilíbrio perfeito entre natureza, cultura e gastronomia e é, por isso, um destino autêntico, para quem procura descobrir a verdadeira essência da Galiza.

Guarda este roteiro pela Costa da Morte para a tua próxima viagem pela Galiza e descobre um dos segredos mais bem guardados desta região.

O projeto Temporada de Mar promove uma rede de gastronomia de quilómetro zero na zona sul da Costa da Morte. É impulsionado pela APCTM e cofinanciado pela União Europeia através do GALP Costa Sostible, da Consellería do Mar da Xunta da Galiza.

Este artigo surgiu de uma parceria entre a APTCM e a ABVP.

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